29 de maio de 2008

Pleonasmo

Há muito tempo atrás, enquanto observava as estrelas do céu, pensava que eu nunca teria coragem de abandonar meu habitat natural, encarar de frente as mudanças, mas aquelas estrelinhas desenharam um sorriso em meus lábios, naquele momento perdi o medo e pensei que os países do mundo seriam poucos para mim.
Exultei de alegria com a surpresa inesperada, enfim me mudaria para um país distante.
A princípio hesitei, senti frio, pequenos detalhes me assustavam, mas um dia percebi a fraternidade humana naquele lugar, criei elos de ligação com pessoas que não falavam a minha língua, porém me entendiam tão bem.
A meu ver, cursar um curso exige responsabilidade individual de cada um, que mesclada com um pouco de falta de responsabilidade gera histórias que deverão ser contadas aos filhos de nossos filhos.
Não tenho muitos planos para o futuro, não sei qual outro país conhecerei, quem sabe um dia escreva minha própria autobiografia ou seja protagonista principal de um filme, por enquanto só espero amanhecer o dia.

26 de maio de 2008

Grupo dos Parafusos

Tudo no mundo é dividido em dois grandes grupos, você deve se encaixar em um ou outro.
Existe o grupo dos que preferem matemática e o grupo dos que preferem português;
o grupo do sal e o do açúcar;
o grupo daqueles que tem relacionamentos estáveis e daqueles que vivem se perguntando onde estão errando;
tem os que reclamam pouco e os que reclamam de tudo;
os que brigam e os que guardam tudo para si.
os que preferem as palavras cruzadas e os que preferem as outras brincadeiras do livrinho;
aqueles que guardam a inteligência para usar em uma ocasião especial e os que a usam sem perceber;
os que querem ficar ricos e os que querem ser independentes;
os que gostam de fotografar e os que gostam de ser fotografados;
aqueles que vivem e aqueles que existem por consequência;
aqueles que são excluídos e aqueles que se excluem;
aqueles que são taxados de estranhos e aqueles que não são nada;
os que querem ser importantes e os que querem apenas ver de perto um camaleão.
Pretendo me deslocar de alguns grupos e criar outros alternativos que contrabalançam as características.
Será que estou sozinha no grupo do camaleão? Meu Deus! Imagina como deve ser divertido ver um camaleão mudar de cor na sua frente, pegar o bichinho na mão e ver ele ficar marrom (no meu caso), jogar ele na colcha da vó e ver ficar florido, jogar na televisão e ver o Gugu nas costas dele! Jogar no fogo e ver...ver ele morrer. Não jogarei no fogo.

19 de maio de 2008

Pensando em números

No caminho para a faculdade, eu precisava ocupar a cabeça para o trajeto parecer mais curto, então comecei a pensar na minha idade em outros idiomas. Veintiuno, vingt une, ventuno, aí quando fui pensar no twenty one, achei muito assombroso, era muita idade, eu devia estar errada, tentei me lembrar do ano em que nasci, fiz as contas e deu vinte um. Estranho.
Daqui a seis anos vou precisar aprender a cozinhar e dirigir. Ainda nesse ano completarei vinte e dois, não gosto de números pares e não estou preparada para ouvir o comentário imbecil: "Dois patinhos na lagoa!".
Quando eu fizer vinte e cinco terei metade de meio século, isso sim será apavorante! Tomara que até lá eu tenha um carimbo com meu nome.
Nos grupos aos quais pertenço sempre sou a mais velha, pouca diferença, suficiente para me frustar, mas se eu quiser me camuflar no meio de pessoas de dezesseis eu posso, isso é bom? Isso é horrível! Cadê a maturidade estampada no rosto?
Aos quarenta estarei bem enxuta, minha filha não terá vergonha de mim quando eu for a buscar na escola.
Quando eu fizer oitenta anos vou contar várias histórias para os meus netos, até contarei que um dia eu fritei a mão no abajur e nasceu uma grande bolha que muita gente conheceu,passou a fazer parte de mim e viveu grandes aventuras comigo. Quando ela se foi restou apenas a saudade...

15 de maio de 2008

Não, nunca vi.

- Nossa! Você perdeu! Tava muito boa a festa de sexta!
- Eu fui.
Em momentos de confraternização costumo observar pessoas invisíveis, é preciso muita atenção para identificá-las, são realmente muito discretas. E não falo da invisibilidade social atribuída a garis, catadores de lixo e afins, falo de pessoas que chegam em uma festa, vão embora e ninguém nota.
Comecei a estudar esses indivíduos quando, em um churrasco, após interagir com algumas pessoas, um amigo me falou: "Tá vendo aquele sujeito de camiseta azul e latinha na mão? É totalmente invisível." Aí eu percebi que não tinha notado a presença do pobre rapaz.
Se você parou para pensar e concluiu que em algum momento já foi invisível, não se preocupe, essa invisibilidade é normal em reuniões de outra tribo, mas é importante estar atento e dar um jeito de "existir" em todo lugar.
Essa análise é também um tratamento para mim, já fui muito invísivel, hoje, quando me sinto perdida, puxo um assunto universal com alguém até descobrir que ele também gosta de sorvete no inverno.
Agora, se você costuma ficar invisível no meio do seu grupo social e não se habilita a puxar assuntos universais, eu sugiro que use uma roupa de cor vibrante, se ainda não te notarem, encha alguma bexigas coloridas e retire-se discretamente.

13 de maio de 2008

Cadê o dicionário? Cadê?

Alguém a mostrou um jogo de cartas todo misturado, que não obedecia nenhuma seqüência, aquilo causou estranhas sensações na menina, um chilique entitulado VAZIO.
Seria normal se não acontecesse várias vezes ao dia e seria estranho se não me contagiasse.
Tenho essa terrível sensação quando mando por msn um erro de português, o chilique começa e só passa no momento em que mando a palavra corrigida.
Na hora do Pai Nosso, a mão direita por cima e a esquerda por baixo, essa é a lógica. É complicado controlar isso quando a pessoa ao lado é desconhecida e ligeiramente pega minha mão de forma errada, eu fico presa com a mão direita por baixo, tento tirar e não dá, tenho vontade de gritar e pronto! Não me concentro na oração.
Não quero que isso tome conta de mim como aconteceu com a menina das cartas misturadas, nem teria porquê, minha mente é sã.
Ontem girei o celular, a marca LG parou na direção de uma pessoa, se essa pessoa morrer a culpa será minha.

8 de maio de 2008

Diálogo com as vozes II - O Retro Projetor

Durante a aula:
Eu: Não consigo prestar atenção.
Voz: Porque é preguiçosa e desinteressada.
Eu: Claro que não! É culpa dessa máquina do sono.
Voz: Então senhorita Normal, pára de conversar comigo que nem existo e se concentra na aula.
Professora: O Desenvolvimento é a parte em que a idéia é desenvolvida.
Eu: Meu Deus!
Voz: E se o cabelo dela se prendesse em uma impressora?
Eu: Ah! Então é você que coloca esses pensamentos macabros na minha cabeça?
Voz: Eu nem existo.
Professora: A cor laranja, segundo a psicodinâmica das cores, desperta a fome.
Eu: Ela sentiria falta de algumas unhas?
Voz: Viu? Agora eu estava quieta!
Eu: Claro, você não existe.

5 de maio de 2008

Michele Lecter

Para mim, assitir a filmes é uma questão de fases. Acabei de sair da minha fase nacional e entrei na fase Serial Killer, animações entram em todas as fases.
Em minha fase "cinema nacional" desenvolvi grande admiração pelo Lázaro Ramos e pela Mariana Ximenes, tive vontade de ser atriz.
Agora, em minha fase atual, depois de assitir a tantos filmes de Serial Killers...Não! Não tenho a intenção e nem ao menos vontade de matar ninguém, porém confesso que quando alguém está me irritando eu continuo olhando para a pessoa enquanto ela fala, mas por alguns segundos paro de escutar e começo a ter idéias criativas. São apenas idéias, se um dia eu for usá-las será para produzir um filme, afinal, sou mulher, para ser Serial Killer de verdade tem que ser homem.
Aileen Wuornos, a primeira Assassina em Série dos Estados Unidos, não tinha criatividade, ela usava revólver! Revólver qualquer pessoa de bem em um momento de fraqueza usa.
Acho que faria bem para minha cabecinha perturbada eu passar de fase. Alguém sugere um novo estilo? Nada que me deixe irritada.