28 de março de 2017

O certo é ficar quietinho

Eu tenho pavor da discussão "biscoito ou bolacha", o livro Preconceito Linguístico me ensinou que nossa língua é muito mais rica e flexível que nossa cabeça dura.
Enquanto você tenta convencer alguém que seu jeitinho perfeito de falar é melhor, uma dupla sertaneja está concentradíssima em um brainstorm para criação de mais uma letra incrível.
Fazendo rimas imprevisíveis como dois/arroiz ou então "sei não se vou sofrer/ gostei demais docê". Ou ainda a melhor que ouvi no rádio nessa semana: "Passou mel na boca dela, só pa pa pa pa pa papá ela."
Uma coisa eu garanto: eu nunca vou, sequer, olhar estranho pra quem disser biscoito, só porque aprendi a falar bolacha. Mas tem uma coisa que não posso prometer: achar que sua capacidade intelectual não será comprometida se o que você ouve é, basicamente, sertanejo universitário.
Porque eu sou pre pre pre pre preconceituosa.

15 de fevereiro de 2017

Assalto à mão inflamada

Minha mão direita está doendo. Já passei pomada, me automediquei e ela continua doendo. O culpado disso é o celular. Ele me controla. Não consigo ficar longe dele uns dias pra mode a mão sarar.
Quando estou em um ambiente hostil, é nele que encontro meu refúgio. Quando estou com preguiça de interagir, é a ele que peço auxílio. Quando saio de uma loja e sigo para o lado errado, pego o celular e finjo atender uma ligação, para assim dar meia volta e todos pensarem que só voltei porque alguém ligou, senão era pra lá mesmo que eu iria.
Ele também me causa outros problemas. Na semana passada eu estava no mercado comprando coisas saudáveis, o celular apitou, tirei da bolsa, olhei. Coloquei na bolsa de novo. Resolvi verificar se tinha comprado todos ingredientes de uma receita, tirei o celular da bolsa, conferi e o devolvi a bolsa. Em meio a esse tira o celular da bolsa, põe o celular na bolsa, eu resolvi comprar ameixas. Comprei duas, porque estavam caras. Pesei e coloquei as ameixas NA BOLSA.
Quando fui pegar o celular para fingir não ter visto um conhecido, é que vi as ameixas lá. Mocadas em minha bolsa.
Eu não sabia aonde enfiar a cara, no celular é que não era, afinal as câmeras já deviam ter flagrado o roubo de duas míseras ameixas, que sim, são caras, mas estão dentro do orçamento, eu não me sujaria por tão pouco. Ai, meu Deus, o que eu fiz?
Tirei as ameixas da bolsa, joguei-as no carrinho, peguei o celular e fingi atender uma ligação.

31 de janeiro de 2017

Voltei, talvez não pra ficar

Quando comecei esse blog o mundo era diferente. Sabe esse blog? Era tudo mato.
Mas sério, as pessoas não se odiavam tanto, ou pelo menos disfarçavam mais.
Eu falava de uma música ruim aqui, outra ali, mas a enxurrada de música ruim ainda estava por vir.
Eu parei de escrever porque tenho medo de ser apedrejada ao expressar opinião. Tenho medo que descubram que não castrei minha cachorrinha e por isso eu seja um ser insensível e desnaturado.
Tenho medo de dizer que sim, sou feminista e amo o movimento, mas não sou obrigada a enxergar talento em todas as "artistas" que fogem dos padrões e representam as mulheres. Maira e Maraiasa, Simone e Sudária e as milhares que vão surgir ainda nesse ano: não acrescentam nada ao cenário musical. Nadica.
Talvez eu volte a escrever. E talvez digam que eu não respeito opinião alheia. Porque não respeito mesmo quem ama Bolsonaro.
Só vou escrever quando estiver com o espírito leve pra escrever texto leve. De textão pesado o Facebook tá cheio né?