31 de outubro de 2008

Preparar, apontar...

Certo dia, em uma roda de amigos, discutia-se a possibilidade de uma nova guerra mundial, concluiu-se que não, mas eu fiquei pensando nisso, que coisa mais horrível que é uma guerra! Tenho uma amiga que não gosta nem de ouvir a palavra guerra, pois a do Vietnã lhe rendeu uma perna de pau e um olho de vidro que quando ela espirra sutilmente se desloca.
E os homens! Mais uma vez os homens bons vão para a guerra, e eu, pequena mulher que sou, não servirei para nada em uma batalha, tenho boas intenções, quero ajudar de alguma forma, mas não sei se estou preparada.
O meu filho não vai para o exército! Eu já decidi! Não quero meu menino rolando no barro, e levando tapas de alguém que não seja eu. Se ele for vai ser pela comida que será melhor que a minha.
Mas não quero pensar nisso agora, preciso pensar na minha utilidade na guerra que virá.
- Michele, temos um soldado ferido, o que faremos?
- Carinho?

29 de outubro de 2008

Winks e Confusões

Nunca me esquecerei do dia em que minha mãe descobriu os winks do MSN, desde aquele dia minha vida tem sido atormentada por esses bichinhos.
É fato: Todas as mães entregaram-se à tecnologia.
Uma amiga estava contando sua experiência. Ela tem dois irmãos, que moram em cidades diferentes, certo dia combinaram de se encontrar no MSN, a mãe também, é claro. Mas o que a mãe não sabia é que todos podiam falar em uma mesma janela.
Filho 1 diz: Fala aí povo!
Filho 2 diz: Nossa! Tá muito calor aqui!
Filho 3 diz: Mãe, a senhora tá aí?
Mãe diz: O que está acontecendo?
Filho 2 diz: Viu Zé, você já entregou aqueles papéis?
Filho 3 diz: Entreguei sim, faltam os anexos.
Mãe diz: O que está acontecendo?
Filho 2 diz: Mãe, tô indo pra casa esse fim de semana, faz pão de queijo!
Filho 1 diz: Por que vai fazer pão de queijo pra ele se não fez pra mim semana passada?
Filho 3 diz: Mãe?
Mãe diz: Mas o quê?
Filho 1 diz: O que o quê?
Filho 3 diz: o quê?
Filho 1 diz: que?
Mãe diz: O que está acontecendo?

27 de outubro de 2008

Amor e asco

Às vezes as pessoas me cansam, me enojam, porém eu nunca escreveria um bilhete dizendo "Adeus mundo cruel", porque às vezes as pessoas me fascinam.
Amo pessoas que me fazem rir, mas odeio brincadeiras ofensivas;
Amo pessoas sensíveis, e odeio pessoas que reclamam do clima, esteja ele como estiver (às vezes eu me odeio por isso);
Amo pessoas extrovertidas, porém odeio pessoas que sempre chegam gritando;
Amo pessoas que falam sobre quase tudo e odeio pessoas que esquecem de quase tudo (às vezes eu me odeio por isso);
Amo pessoas que cantam, mas odeio pessoas que me tratam com grosseria;
Amo pessoas com boas intenções e odeio os que prometem o que nem podem cumprir (às vezes eu me odeio por isso);
Amo pessoas que escrevem sobre marketing pessoal, mas odeio pessoas que são apenas imagem;
Odeio amar quase todas as pessoas que eu odeio (às vezes eu me amo por isso).

21 de outubro de 2008

Interligado

- De que bicho você tem mais medo?
- Minhoca!
Sempre! Que perguntinha imbecil que a apresentadora fazia antes de trazer uma caixa com bichos nojentos para o sujeito medíocre, com os olhos vendados, enfiar a mão e procurar o prêmio.
Naquele tempo eu pensava que realmente todas as pessoas tinham medo de minhocas e baratas. Na verdade, ontem eu encostei a cabeça no travesseiro e pensei: " Era mentira! Sim, era mentira!"
Os participantes eram dotados de uma inteligência sem limites, eles sabiam que a produção do programa iria castigá-los com o bicho que eles mais temiam. Alguns, orientados pela sábia mãe, chegavam a dizer:
-Eu suporto qualquer bicho, mas, pelo amor de Deus, minhoca não!
E eu do outro lado pensava: " Nossa, como eu sou corajosa, afinal, não tenho medo de minhocas."
Já dizia algum sábio que o mundo é dos espertos, toda aquela hipocrisia me fez aprender. Hoje me sinto preparada para enfrentar tal programa, mesmo com as mãos trêmulas e os olhos lacrimejantes, temendo sentir a textura de um grande sapo, quando ela me perguntar:
- De que bicho você tem mais medo?
Eu direi com pânico no olhar:
- Chinchila.

15 de outubro de 2008

Era uma Playboy

Passei todo o caminho ensaiando como dizer que não poderia mais dar catequese, que depois de uns oito anos ensinando da maneira menos chata possível os mandamentos, eu simplesmente deixaria esse cargo.
Cheguei, sentei-me, não vi ninguém, até que um menino, o mais bagunceiro da turma, todo suado, veio até mim e disse:
- Vem catequista, tá tendo festinha do dia das crianças!
- Não, não, eu vou ficar aqui, só preciso falar com a coordenadora.
- Então tá.
Ele foi até o local da festinha e alguns minutos depois voltou:
- Olha catequista, eu peguei uns doces pra você.
E começou a tirar dos bolsos da bermuda jeans uns docinhos, todos bem amassados, misturados com uns fiapos da roupa, encheu as mãos e me entregou.
Nem me lembro se consegui agradecer, infelizmente eu não poderia voltar atrás, falei com quem deveria falar e fui embora lembrando bons momentos que tive nesta missão.
Em um desses momentos:
- Catequista, por favor, devolve a revista, não é minha é do meu irmão, eu peguei escondido.

7 de outubro de 2008

Odeio palavras repetidas

Sei que depois que escrever este texto ficarei mal humorada, enquanto estou feliz quero desejar um Feliz Aniversário e dizer que amo muito a menina que odeia que estalem os dedos perto dela.
Um dia um livro me ensinou como transformar o orkut em uma ferramenta de marketing pessoal, ele disse que nunca devemos participar de comunidades que comecem com "Eu odeio..."
Eu levei isso muito a sério. No orkut eu não odeio nada e juro que gostaria que fosse assim na vida real, mas quando começo a pensar nas coisinhas que eu abomino, me assusto com a farta lista.
Eu odeio que pessoas estranhas andem devagar na minha frente ou na mesma velocidade no meu lado, odeio quem inventou a caneta que faz barulhos repetitivos nas mãos de pessoas irritantes.
Odeio (Meu Deus como eu odeio!) as teclas power e insert no computador e costumo odiar para sempre pessoas que me giram, sufocam e me lançam a distância, como se na minha testa estivesse escrito: "Sou um bibelô".
Odeio cumprimentar as pessoas com um beijinho no ar, odeio amendoim e odeio pessoas que respondem o jogo rápido da Xuxa com respostas óbvias, tipo: "Odeio mentira". Pois eu adoro! Adoro ser enganada!
Está me dando muito ódio pensar nas coisas que odeio, odeio ser obrigada a pensar em coisas que gosto só para esquecer as que eu odeio.