Tenho visto muita gente reclamar dos DJs de ônibus, pessoal que não usa fone de ouvido para ouvir música no transporte público. Eu não uso esse tipo de transporte então nunca me importei com a causa, só não sabia que a moda se estendia em ônibus de viagem também e posso afirmar que tive uma experiência terrível no último fim de semana.
Ouvi as canções mais tenebrosas que eu nem sabia que existiam. Na viagem de volta foram umas quatro horas sendo obrigada a permanecer sentada ao lado de funkeiros sem noção que mostravam a potência daquele celular que eu torcia para que explodisse.
Aí o que fazer? Eu até tentava curtir a vibe, entrar no clima do batidão, levar a letra numa boa, mas tudo que eu imaginava eram chamas, as chamas do inferno. Pensei em reclamar educadamente, mas ele poderia reagir de várias maneiras. E se ele me ignorasse? E se ele concordasse em desligar, quem me garante que eu não acordaria com um desenho fálico na testa? Ainda faltavam três horas, eu queria dormir. Desocuparam umas poltronas lá na frente e eu fugi daquele barulho sem olhar para trás.
Pensar que no primeiro ônibus uma senhorinha me disse que a lua estava derretendo e quando derretesse completamente o mundo iria acabar. Ela tinha razão, a cada vez que um funkeiro nos obriga a compartilhar de seu gosto musical, a lua derrete um pouquinho.