25 de abril de 2010

Boleto

A vistoria de um apartamento é uma coisa engraçada mesmo. Com muita honestidade, a imobiliária faz um orçamento de toda reforma que deve ser feita para que o imóvel fique nas mesmas condições de quando foi ocupado. Nessa semana recebemos a listinha das coisas que a imobiliária vai comprar para deixar o local perfeito. Ainda não sabemos como faremos para pagar tais contas, mas alguns itens me deixaram pensativa. O suporte para shampoo por exemplo, por que alugar uma casa com isso? Só para dar despesa depois. Porque afinal não tem como alugar uma casa sem porta shampoo, eu prefiro que não tenha vaso sanitário, posso fazer xixi no ralo mas quero que tenha um lugar seguro para o meu shampoo. Sem falar nas arandelas, eu nunca morei em uma casa com arandelas, nem sei o que é isso, como eu estragaria uma coisa que nem sei o que é? E ainda tem as dobradiças. Dobradiça é comida, então o apartamento foi alugado com uma panela de dobradiça, dá licença.
O que importa é que estou em um apartamento novo e desta vez nem vou encostar nas arandelas.

22 de abril de 2010

Visagem

Há alguns minutos eu estava em uma daquelas lojas de departamento vendo algumas roupinhas, quando de repente escutei um barulho de pessoa caindo, olhei e levei um susto, a mulher não tinha cabeça, devia ter perdido com o tombo, antes de começar a procurar debaixo dos balcões percebi que era um manequim, mas isso me fez pensar em algo que me assusta muito mais. Dizem que meu local de trabalho é mal assombrado, porque de lugar bem assombrado eu nunca ouvi falar, mas então, eu nunca vi, apenas ouvi barulhos daquele que supostamente é o fundador da Rádio, dono do prédio: Dom Frederico.
Lembrei que o que sempre me encanta nos filmes de terror é que os moradores das casas mal assombradas não vão embora, eles tentam descobrir no google ou no porão o porquê da revolta do fantasma. Foi isso que eu fiz, com muita coragem, por meio de uma pesquisa qualitativa, descobri que o finado Bispo apenas deseja que alguma coisa ganhe seu nome, uma avenida, rua, viela, beco, qualquer coisa, afinal ele contribuiu para a história dos duzentos anos dessa cidade, que por sinal toda população, sem exceção, quer comemorar. E eu sei que aqueles sininhos que ele toca às vezes indica a raiva que ele tem do amigo dele, o Oscar, que ainda está vivo e já ganhou um museu com o seu nome.