15 de agosto de 2012

Parem os adultos!


Eu estava aqui comendo um sorvete seco e pensando que tem um tempo na vida que é bem difícil. Não é infância nem adolescência, é a transição dessas duas fases. Quem dificultava minha vida nessa época eram os adultos.
Que momento constrangedor a hora de cantar parabéns em uma festa infantil onde os adultos falavam: “Crianças, se juntem atrás do bolo para tirar foto”. Eu tentava não ser notada, afinal eu não era criança, eu era bem mais evoluída que aqueles pirralhos cheios de verme, mas a tia me empurrava para a cena em questão. Eu me juntava às adoráveis crianças, tentando controlar meus braços que eram desproporcionais ao resto do corpo e saía na foto com cara de blasé, que só queria mesmo comer os brigadeiros e ir embora escrever no diário que ninguém me entendia.
No fundo eu também não sabia se eu queria ser criança ou adolescente, afinal eu ainda gostava de banho de chuva, mas os adultos deveriam me deixar decidir que hora eu seria criança e que hora eu não seria. E nunca dizer que Fulana era minha “amiguinha” da escola, e nunca fazer a tenebrosa pergunta: “E os namorado?”.
Aliás, as tias me fazem essa pergunta até hoje. Tem alguma coisa errada e estou começando a achar que o problema não é com as tias.