26 de setembro de 2008

Mais indagações sobre a Arte

Existem dois tipos de pessoas: Os que apreciam a Arte e os que são pervertidos.
Em plena quinta-feira, depois de um dia exaustivo, lembrei-me que a Arte ameniza meu stress e me desloquei até a Universidade para contemplar algumas apresentações.
Ao chegar, logo no hall de entrada , com o que me deparo? Com um jovem, de apresentável porte físico, completamente nu. Na verdade ele tinha algo cobrindo os pés.
Eu já estava preparada, tenho forte vínculo com esse mundo artístico, mas e aqueles universitários que só tinham o propósito de assistir aula naquele dia? Quão grande foi o espanto! Por uns minutos parei de apreciar a Arte e observei as expressões faciais e comentários: " Meu Deus! Isso é pornografia!", "É verdade, como permitiram?", mas as donas de tais comentários não se preocupavam em deixar o local, pelo contrário, mantinham os olhos fixos na manifestação artística.
Nunca na história daquela Universidade tantas pessoas se interessaram pelo mesmo assunto, e como é impressionante: meu nível de stress realmente baixou.

19 de setembro de 2008

Acho que é 83...

- Fia, o Brasil é grande?
- É bem grande sim, vó.
- Então eu gosto de você do tamanho do Brasil.
- ... (nó na garganta)

Existe amor e existe o que eu sinto pela minha avó.
O tempo que embranqueceu seus cabelos, não diminuiu a força para viver, mas aumentou a fé e ressaltou a inocência.
Por telefone, aquele sotaque mineiro me tira sorrisos e gargalhadas em horas que minha vontade é gritar e sair correndo.
Um dia, em plena juventude, ela foi convidada para um baile, mas o profissional dentista tinha arrancado todos os seus dentes naquela semana, na verdade ele deixou as duas presas, e foi desses dois dentes que ela cuidou, escovou e deixou brilhando para o baile que fora convidada. Pena que não teve tempo de se arrumar, teve que cachear os cabelos de todas as moças da vizinhança, afinal, elas queriam ficar bonitas para o Alcides. No baile, o Alcides dançou apenas com uma moça, o mais bonito e simpático do baile dançou apenas com uma. Talvez ele tenha olhado nos olhos dessa moça e enxergado o que eu enxergo.
Se eu pudesse a traria para perto de mim, mas o frio não deixa.

8 de setembro de 2008

Não, a vovó não sabe

Creio que o primeiro passo para superar medos é partilhá-los com o mundo, sempre haverá alguém com o mesmo medo.
Tenho medo de que um dia saia sangue do chuveiro, sempre observo de longe a água caindo por alguns minutos, até que eu tenha certeza que é somente água que está jorrando, dez minutos de banho são dez minutos de preocupação. Sei que é possível que isso aconteça, já vi em vários filmes, não existiria tal cena em tantos filmes se isso não tivesse acontecido na vida real.
Também tenho medo de ser avó. Eu tinha apenas medo de ser mãe, até que uma pessoa (que exerce grande influência nas minhas idéias) disse que ser mãe é fácil, difícil é ser avó. Ela tem razão, eu não vou conseguir agradar meus filhos com comidinhas e docinhos, mas minha mãe é relativamente prendada e será uma boa avó para eles, mas e quando eu tiver meus netos? Eles depositarão a esperança em mim (já que minhas filhas não terão com quem aprender culinária) e eu deixarei a desejar, não serei uma boa avó, até porque meu nome não combina com a palavra vó.
Por fim, tenho muito medo do que possa existir por baixo da lona azul. Todos os dias passo em frente a uma casa que tem no seu quintal algo grande coberto com uma lona azul, tem o tamanho e o formato de um fusca, mas sei que não é um fusca, seria muito óbvio. Poderia invadir a casa e dar uma espiadinha mas tenho medo do que posso descobrir.
Vou tomar banho e esquecer todos esses medos. Ai.

3 de setembro de 2008

Sobre a independência

Minha mãe sempre me ensinou a ser independente, só não aprendi a cozinhar porque cresci com uma avó amável que não ligava para esse lance de independência, mesmo assim consertei a televisão algumas vezes e acabei de estragar em outras, mas sempre tentei me virar sozinha.
Sou independente inclusive na hora de cantar, prefiro não acompanhar o tom dos outros e do violão, tenho meu próprio tom sempre. Recebo olhares ameaçadores, mas dessa independência eu não me orgulho, é involuntária e sem cura.
Às vezes a vida exige demais de mim, não esta vida, mas a vida simulada naquele joguinho medíocre e viciante, quando esqueço por uns minutos que existo e dou vida àquela mulherzinha, com milhões de necessidades básicas que não dou conta de suprir, me dá um desespero, e alguém me disse que não conseguirei criar um filho nem no joguinho. Como não? Posso superar meus medos e com muito amor cuidar de um bebê. Trocarei fraldas, amamentarei, darei banhos...Ai meu Deus! Não vou conseguir!

1 de setembro de 2008

17 e você?

De que adianta ter cara de gente grande e não ter amigos?
Após muita insistência resolvi ir a uma baladinha, coisa que não fazia há muito tempo.
Chegando lá, a moça do balcão educadamente pediu minha identidade.
Que vacilo! Esqueci, e não poderia ter dito outra coisa senão que havia esquecido.
- Então sinto muito. - Respondeu a moça.
Ela não podia sentir muito, eu precisava entrar.
- Eu tenho 22 anos, nasci em 1986!
Um sujeito do lado dela diz:
-Para mim elas tem 12 (apontando para a pessoa que vos fala), 13 e 14 (para minhas respectivas amigas que sofrem do mesmo mal).
Com muito custo a moça propôs:
-Ok. Deixo vocês entrarem, mas vão ficar sob a responsabilidade da amiga de vocês que trouxe a identidade. Ah! E vou ter que bloquear a comanda para bebidas alcoólicas.
Sem piscar falei:
- Não tem problema, eu não bebo.
É claro que não pára por aí, em toda baladinha tem o esquema de flertes e azarações. Comigo isso é estressante, nem sei porque me arrisco a perguntar a idade dos indivíduos, quando ouço um 19 até me surpreendo com tamanha maturidade.
Não gosto mais de baladinhas.