31 de julho de 2008

1, 2, 3, 4, 5...10.

Não sei onde foi parar minha paciência.
Os barulhos repetitivos têm me atormentado como nunca e as pessoas estão me irritando com brincadeirinhas, frequentemente me imagino batendo nelas.
Para controlar esse mal decidi voltar minha atenção à Arte. Contemplarei qualquer manifestação artística nessa nova fase da minha vida. Em alguns momentos me sinto confusa, em Exposições de artistas plásticos por exemplo. O sujeito enche um vaso com uma meleca colorida qualquer e joga o vaso no chão, os caquinhos de cerâmica misturados com a meleca é Arte!
Com um pouco de esforço eu consigo enxergar alguma Arte, mas eu penso na avó do artista que vai prestigiar o trabalho do netinho que não quis ser médico. O que irá passar na cabecinha da pobre senhora? Sentirá ela a necessidade de limpar aquilo tudo?
Às vezes a Arte me irrita.

28 de julho de 2008

Decisões

Adoro decisões. Nasci para decidir coisas na vida. Dos outros.

- Michele, levo a sandália ou o cachecol?
- Levando em consideração a cidade em que vivemos, o que te fará mais feliz?
- O cachecol.
- Então leva o cachecol.

- Compro o Corsa vermelho ou prata?
- Você prefere alegria ou elegância?
- Elegância.
- Então leva o prata.

- Para aperitivo, sirvo queijo ou batata frita?
- Eu prefiro batata frita.

- Filha, se eu me casasse novamente, você iria preferir um padrasto loiro ou moreno?
- Eu prefiro batata frita.

24 de julho de 2008

Mano velho

É estranho ter tempo para cuidar das unhas...
Simplesmente é estranho demais ter tempo. Fico sem saber o que fazer, sem saber o que pensar, hoje mesmo me peguei pensando que não poderei me esquecer que no no mês que vem precisarei vacinar os cachorros. Meu Deus! Eu não tenho cachorros!
Tenho tido mais tempo para observar quão estranhas são as pessoas, conheci um menina que só atrai homens com úlcera no estômago e tem outra que quando se depara com uma criança chata correndo e gritando, ela disfarçadamente coloca o pé, e a criança depois de levar um leve tombinho sossega os ânimos e vai para o colo da mamãe. Tá, essa última sou eu, mas juro que não é maldade, eu diria até que é uma ação extremamente altruísta.
Ainda tenho tempo...

21 de julho de 2008

Ciclo

Ele dormia no berço azul
Ela se entretia com o móbile
Ele lutava com o inimigo
Ela cuidava da casinha
Ele queria distância das meninas
Ela detestava meninos
Ele tinha espinhas
Ela tinha um diário
Ele ouvia Pink Floyd
Ela ouvia Kid Abelha
Ele saía com os amigos
Ela chorava por ele
Ele ouviu falar dela
Ela tinha medo
Ele se encantou
Ela se alegrou
Ele falava de carros
Ela falava de Nietzsche
Ele acordava de mau humor
Ela tinha TPM
Ele dizia que não estava feliz
Ela terminou
Ele sentia saudade
Ela se entretia com o móbile.

13 de julho de 2008

Deixe seu recado...

Sinto falta daquele tempo em que eu assitia a TV Cruj tomando leite com Toddy. Não que eu tenha mudado muito, mas hoje penso em coisas mais sérias e não tem mais a TV Cruj.
Eu sei que uma pessoa só é importante a partir do dia em que possui um carimbo com seu nome.
Conheci uma pessoa que sonhava em ser uma secretária eletrônica, o tempo passou e ela teve que escolher outra profissão. Alguns sonhos se perdem com o passar dos anos, não quero que meus medos bloqueiem meus sonhos.
Um dia desejei um All Star e ele veio até mim. Mas ainda não fui à praia e nem tenho uma Barbie verdadeira.
Eu não sei se irei me adaptar a um mundo cheio de robôs, e eu não vestirei minha filha como uma pequena adulta, também não vou gastar meu dinheiro com empresas que já utilizaram mão-de- obra infantil. Me preocupo com minha saúde por isso não tirarei raio X sempre que tiver vontade.
Um dia hei de morar na terra dos sem-fim e hei de ter um carimbo com meu nome.

10 de julho de 2008

Quiromancia

De propósito passei a utilizar três cobertores;
de propósito conheci uma menina que respira pelo umbigo;
foi de propósito que deixei a janela aberta no vendaval;
de propósito também conheci uma menina que tosse ao limpar as orelhas;
de propósito respirei e percebi que o almoço estava pronto;
bem de propósito avistei a ruiva de saia preta;
de propósito deixo o telefone curar minha saudade;
e de propósito chegou a menina do maracatu;
de propósito sonhei que tinha um tubarão na piscina;
de propósito me mostraram o menino do tororom;
também foi de propósito que aprendi a amar a irmã que ganhei;
e obviamente de propósito a menina das sapatilhas apareceu;
de propósito não voltei a comer amendoim;
de propósito conheci um menino que não pronuncia dois erres;
de propósito não esqueci a amizade da infância;
de propósito três anos e meio mudaram minha vida;
e de propósito prefiro não saber se seis meses decidirão se permaneço no lugar que me fez tão feliz.

4 de julho de 2008

Pescoço

Eu tenho uma amiga que carrega na bolsa remédio pro intestino! E essa mesma amiga teve a capacidade de me chamar de velha por pedir para a farmácia entregar no meu trabalho um colírio!
Mas eu não quero falar sobre isso, na verdade tem algo maior me afligindo, tenho pensado muito na história do Plutão. Meu Deus! A pessoa cresce sabendo que é um planeta, preenche formulários e currículos afirmando ser um planeta, usa crachá e responde pesquisas, enfim, habitua-se com o fato de ser um planeta, aí chega um grupo de indivíduos que não usa da empatia e simplesmente fala: "Você não é mais um planeta." A pessoa perde o chão.
Se eu tivesse a oportunidade de falar com ele diria o quanto ele é importante, que um status imbecil não determina o verdadeiro valor que ele tem.
E como fica a frase? Minha vó tinha muitas jóias, mas só usava onde?
Essa história me deixou muito mal, não quero mais escrever, preciso do meu colírio. Onde está meu colírio?