30 de junho de 2008

Anjo da guarda meu bom amiguinho!

Só preciso ter noção de tempo e distância.
Paro na calçada e ao longe avisto um carro vindo em velocidade razoável, penso: "Não, não vou, não vai dar tempo." Espero um pouco e quando o carro está bem próximo eu penso: "Ah! Eu vou!"
Se isso acontecesse uma vez, tudo bem, mas sempre! Por que Deus?
No episódio de hoje eu parei na calçada e fiquei pensando na conversa que tive com uma amiga sobre possuir um pinguim, animal amável, andar simpático...Aí eu caí em si e concluí que ele morreria de frio aqui conosco. Triste atravessei a rua, dessa vez nem foi por falta de noção, simplesmente não olhei para lado nenhum. Pronto! Freios e buzinas.
O anjo que me acompanha está todo esfolado, sempre tentando parar os carros.
Quando eu fizer 27 anos e dirigir livremente por aí, pouparei os pedestres das buzinas.

26 de junho de 2008

Malandragem das ruas

- Este filme você tem que entregar amanhã e estes outros dois você pode entregar só na terça-feira.
- Oba! Vai dar tempo de copiar!
(Silêncio)

Onde está aquela noção básica do que pode ser dito e o que deve ser guardado para si?

- Mas ele me disse que viu tudo.
- Você não percebe que ele estava jogando verde?
- Como assim?

Certa vez uma mãe ouviu de alguém que ao morar sozinha a filha ficaria mais espertinha.
Creio que isso nada tenha a ver com inteligência...Não, não tem mesmo.
Se assistir a variados filmes e conviver com pessoas que enxergam a maldade não tem adiantado, a solução é encarar essa ingenuidade como uma qualidade.

- Não, mas eu não vou vender, só quero copiar para mim.

23 de junho de 2008

Claro que não! É impossível!

Seguindo em direção à faculdade me deparei com um acidente, uma camionete e um carro popular, não sei se havia feridos, sei que havia curiosos. Senti necessidade de observar tais humanos.
Uma mãe, com uma criança no colo, conversava com a vizinha, enquanto elas conversavam a criança sentia frio, e não era culpa da mãe, afinal se ela parasse para vestir o filho, com certeza perderia a chegada do SAMU.
Uma senhora carente sai de casa o mais rápido possível, não poderia perder a chance de interagir, ter a oportunidade de contar que depois que o marido foi pra guerra ela passou a se virar sozinha e que machucou as cadeiras tentando trocar a lâmpada. Ela nem sabia ao certo o que estava acontecendo, só queria conversar.
O homem com o guarda-chuva comentava com o de bigode as razões do acidente, um queria saber mais que o outro.
Fui para a aula pensando. Por que o ser humano é tão curioso? A vida não vai mudar por causa do problema alheio, então por que tanto interesse? Ridículo. É o mesmo que perder tempo pesquisando na internet se a Sandy realmente está grávida.

16 de junho de 2008

Eu que não sofro, queria um abraço

Lembranças...

O que ouvi: Tchau filha, fica com Deus!
O que falei: Tchau mãe, amém.
O que pensei: Não mãe, você não vai me deixar aqui...Por favor, não!

O que ouvi: Você gosta de Vina frita?
O que falei: Gosto.
O que pensei: Meu Deus, o que é vina?

O que ouvi: Eu escolhi publicidade porque não sabia o que fazer...
O que falei: Ah, eu escolhi porque gosto de comunicação.
O que pensei: Por que está fazendo frio em fevereiro?

O que ouvi: Alô, oi filha,tudo bem? Está se adaptando?
O que falei: Oi mãe, estou sim.
O que pensei: Por que está fazendo frio em fevereiro?

10 de junho de 2008

Primeira listagem

Confesso que tenho medo da morte de algumas pessoas, mas com a minha morte não me preocupo. Como diz aquele sábio ditado: "Para morrer basta estar vivo", se esta é a única certeza da vida, o que fazer senão relaxar?
Portanto eu, em pleno uso das minhas faculdades mentais e sem qualquer coacção, faço meu testamento da seguinte forma:
Deixo meu computador e a câmera fotográfica para minha mãe;
A boneca Tutuca fica para minha avó;
Todos os meus calçados deixo para a Juliana;
O moletom preto, a jaqueta de nylon cinza e a faixa indiana deixo para a Thaísa;
A plaquinha do Tótys e todos meus cd's e dvd's deixo para o Cristiano;
O radinho portátil e minha pasta de desenhos deixo para a Camila;
Meu celular, o vestido xadrez e o vestido preto fica para a Layuny, a esta também peço que delete meu orkut e msn;
Minhas boinas e bijouterias deixo para a Thalita;
As faixas de cabelo e meu enxoval deixo para a Amanda;
Os lençóis de elástico, o Catecismo e a mala de rodinha deixo para o Pedro;
A blusinha de morango, a coleção de papéis de carta e outras blusinhas de calor deixo para a Josiane;
A Bíblia deixo para a Vanessa;
Livros católicos deixo para a Gabriela;
O dicionário de inglês deixo para o Toninho;
O Rack e as estrelinhas do teto ficam para minha irmã;
As demais roupas de frio vão para entidades carentes de Guarapuava;
Até o presente momento a lista é esta, itens serão acrescentados enquanto houver tempo.

6 de junho de 2008

Espelho, vitrine, colher

Estava eu, olhando fixamente para um extintor de incêndio, quando comecei a pensar em auto-estima, opinião que cada um tem sobre si mesmo que é diferente de auto-afirmação.
Quando me perguntam como estou me sentindo e eu respondo simplesmente: "Estou com a cara inchada." Pode-se concluir que minha auto-estima está abalada.
Aqueles que não se valorizam afastam as pessoas, eu sei perceber de longe quem se gosta de verdade, mas quem conta muita vantagem me irrita.
O que mais existe no mundo são pessoas que afirmam detestar livros de auto-ajuda, mas reclamam o tempo todo e não se julgam capazes. Eu até acho que é uma qualidade não gostar desse tipo de livro, mas recomendo a essas pessoas que antes de viver em sociedade leiam ao menos dez livros de auto-ajuda.
Quando penso em auto-estima, bom humor, é inevitável lembrar da Fifi, falecida cachorrinha que conviveu comigo por alguns anos. As pessoas nunca a pouparam, sempre foram diretas ao falar que se assutavam com sua aparência, até eu dizia carinhosamente que a amava mesmo ela sendo daquele jeito. Era incrível como ela sabia lidar com isso, se achava linda e pronto, sempre tinha um sorriso a oferecer, sorriso mesmo, literalmente. Ela se tornou linda para quem a conheceu de verdade. Quero hoje, ignorar essa cara inchada e ser como a Fifi.

3 de junho de 2008

Contagem regressiva

Esperar por pessoas não me irrita muito, o que me irrita é esperar o condicionador fazer efeito, o esmalte secar e a comida esquentar no microondas.
Eu não espero o condicionador fazer efeito, evito pintar as unhas, mas a comida eu esquento e tento tornar esses 60 segundos os mais produtivos do dia, procuro não me mexer, fico parada em frente ao microondas e enquanto o prato gira, eu penso, ele gira e eu penso, ele gira e eu penso.
Ontem pensei em quem eu seria se eu não fosse eu, olhei para o lado, vi a dona da Pensão e pensei: "Não" . Talvez a Fátima Bernardes, mas ela tem três filhos e nem tem tempo para eles. O Zezé de Camargo? Não gosto tanto assim de sertanejo. A Kelly Key? Por que essa opção?
Ouvi um apito, o prato parou e eu continuei ali, imóvel por alguns segundos.
Se eu fosse qualquer dançarina de frevo viveria no calor e num mundo colorido, se eu fosse a Daniele Hipólito ganharia medalhas e se eu fosse a Juliana Paes não precisaria pensar para enriquecer.
Peguei o prato e cheguei a conclusão de que não posso ser feliz sendo outra pessoa se não serei neta da minha avó e mãe do Juninho.
- A senhora falou comigo d. Lúcia?